I'm Changing To Hell.
SeuNome P.O.V.
Los Angeles, Califórnia.
09 de fevereiro/ 04:11 da manhã.
De nada adiantou me trancar no quarto, ignorá-lo. Fingir que ele não tinha comprado a maldita passagem. Comecei a torcer pra que isso fosse só um pesadelo e tentei me acordar de todo jeito, no inicio achei que ele estivesse só blefando. Mas pra minha infelicidade não era, estava mais do que certo. Eu vou mesmo pra Londres, um lugar frio como seu chá da tarde. Vou estudar em suas escolas de tijolos que mais parecem castelos medievais.
Los Angeles, praias, balada, garotos, fama e fortuna. Do que adianta ter tudo isso se você não é feliz? Pelo menos não eu. Passei um tempo aqui, testando, procurando, experimentando mas nada me veio a cabeça. Nunca fui muito boa em falar sobre mim. As palavras perfeitas sempre fugiam do meu alcanço. Talvez porque perfeição não seja a palavra certa para descrever minha vida. Outras garotas se estivessem no meu lugar com certeza não reclamariam, mas eu prefiro não fugir da realidade e ser tão falsa como as pessoas a minha volta.
Tudo bem, vou começar de novo. Eu moro em LA desde que nasci, Simon sempre me deu conforto que eu precisava mas nunca para em casa pra me dar atenção. Eu entendo o quanto ele trabalha mas ao menos ele poderia ter um tempo pra mim. Desde que minha mãe morreu ele se distanciou muito de mim, mas não, o trabalho é mais importante do que a filha que precisa de atenção. Eu sofria bastante por ser gordinha , nunca fui de me relacionar direito com as pessoas e ainda sou assim e sem o apoio do meu pai ficava pior e sofria sozinha. As vezes eu acho que foi um erro eu nascer.
Minha calça jeans rasgada, minha blusa dos Ramoness e meu skate em mãos chamava atenção por onde passava. Eu adorava a sensação de ver o medo na cara de todas as pessoas que esperam que eu seja toda certinha, eu gosto daquilo. Gosto de não ser parecidas com elas, gosto de ser do meu jeito.
Porque as pessoas acham que só porque eu sou filha de um famoso tenho o que eu quero e me comparam a elas? Eu simplesmente não consigo entender. O tempo passou... Passei anos com a ferida aberta em meu peito, era como um vazio, algo que faltava em minha vida. Parei de me importar com as coisas, cansei de ser boazinha com todos e só ser humilhada. Detesto dramas, principalmente os meus. As pessoas dizem que eu devo mudar para ser aceita na mídia, mas eu quero mesmo é que a sociedade se foda, eu não ligo para que os outros dizem eu sou assim e não vou mudar pra agradar a ninguém. Vou viver do meu jeito.
Eu não tenho amigas porque não tenho paciência pra essas frescuras de meninas. Não suporto ficar perto de alguém que chora por unha quebrada. Simon diz que eu sou desboca e muito idiota por ser uma menina e não gostar de coisas de meninas. Mas e daí? Eu não tenho medo de ninguém.
O som era o mais alto possível, pelas janelas pequenas e arredondadas eu via apenas nuvens. O céu estava escuro e ameaçava chover. Minha cabeça estava vazia. Eu tentava de todas as formas não deixar os pensamentos não me atormentarem. O ar-condicionado do avião era fresco, o clima de LA era sempre quente e disso eu nunca iria me esquecer. Não quis me despedir de ninguém, os velhos "amigos" que eu tinha ficariam pra trás sem exitar. Sinceramente era bom me afastar de tudo. Eu estava bastante confusa mas conformada com a viagem, meu pai teria motivos melhores para viajar mas dessa vez era diferente.
Simon transferiu a gravadora pra lá há 4 meses, desde então, teve que ficar vindo de Londres pra Los Angeles, de Los Angeles pra Londres. Ele decidiu se mudar de vez. Claro, eu odiei a ideia. Mas eu não posso fazer nada, ele iria me obrigar a ir de qualquer jeito.
Eu: Droga! - Gritei fazendo os outros passageiros se assustarem.
Simon: Seunome... Fale mais baixo por favor. - Ele sussurrou e eu revirei os olhos.
Eu: Não consigo achar a minha barra de chocolate.
Simon: É só uma barra, não incomode os passageiros por besteira.
Eu: Não tô nem aí. Os passageiros incomodados que se retirem. - Falei em tom alto para que todos ouvissem.
Simon: Seunome, não estou pedindo. São quase 5 da manhã, daqui a algumas horas nós vamos chegar. Trate de dormir, pra depois não reclamar.
Eu: Eu não tô com sono.
Simon: Não importa, pelo menos fica de boca fechada. Desde que saímos de Los Angeles só oque você fez foi reclamar. - Apertei os olhos.
Eu: Se você tivesse me deixado lá, eu não estaria aqui reclamando.
Simon: Não adianta fazer birra. Nós vamos morar em Londres, qual é o problema disso?
Eu: Você só pensou em seu trabalho, e eu? Será que você pensou em mim? No quanto sofreria deixando as lembranças da minha mãe?
Simon: Não vamos falar da sua mãe agora.
Eu: Não me conformo com isso.
Simon: Não estou pedindo, fique quieta por favor.
Revirei os olhos mais uma vez, ele me olhou feio e eu arfei. Voltei a me concentrar na lista de músicas, Simon consegue ser bem chato quando quer. Nem mesmo os empregados deles o aguentam. Nem sei como foi que ele arrumou uma namorada. Coloquei no aleatório e aumentei o volume. Em poucos segundos consegui dormir.
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